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Em Recife, especificamente na localidade do Poço da Panela, há uma estátua que hoje configura uma praça em frente à mansão de um dos abolicionistas mais reconhecidos da cidade. O busto do abolicionista José Mariano, com nome e data de falecimento, presta homenagem ao abolicionista que, naquela casa, cuja parte de trás dá direto para o rio Capibaribe, abrigava escravizados fugidos para depois seguirem a rota de fuga fluvial rumo ao Ceará, província que, antes de todo o resto do Brasil, já havia abolido a escravidão.

 

Abaixo de seu busto, um corpo negro esculpido sem nome e quase sem roupas, segurando algemas quebradas, “ilustra” o feito daquele grande homem branco libertário.

Partindo de uma não homenagem aos ícones e sistemas de premiação e reconhecimento das elites pelas elites, este jogo de imaginação segue a rota de fuga desenvolvida pelos escravizados que seguiam de Pernambuco para o Ceará.

 

As capivaras, que batizam o rio Capibaribe, ou Capibarybé, se despedem daqueles que irão de encontro ao Dragão do Mar, codinome de Francisco José do Nascimento, líder revolucionário das águas salgadas da província da grande Siara. Símbolo da luta dos jangadeiros pelo fim da escravidão. Também um ser encantado que cospe fogo e que sobrevoou essas rotas de águas e terras, guiando, para além do visível e do humano, povos para longe do sistema colonial escravocrata. Assim começa o jogo.

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